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Pagar e controlar

Como Identificar e Resolver Problemas de Endividamento Empresarial Através de KPIs

Como Identificar e Resolver Problemas de Endividamento Empresarial Através de KPIs

Manter a saúde financeira de uma empresa é um desafio constante, especialmente em ambientes econômicos instáveis como vivemos atualmente. Nesse cenário, o endividamento, quando não monitorado e gerenciado com a devida atenção e assertividade, pode se transformar em uma ameaça à perenidade do negócio. 

Por isso, o uso de KPIs financeiros é um aliado para identificar sinais de alerta, acompanhar a evolução das dívidas e traçar planos eficazes para recuperar o equilíbrio financeiro da empresa. Saiba mais sobre os principais indicadores e ações para diagnosticar e resolver problemas de endividamento empresarial:

O que é um KPI

Os KPIs financeiros (do inglês “Key Performance Indicator”) são métricas que ajudam a monitorar a saúde financeira de uma empresa, transformando dados em informações úteis. Eles permitem analisar desempenho, identificar padrões, projetar cenários e antecipar crises. Os KPIs promovem uma visão estratégica, permitindo que os líderes tomem decisões baseadas em evidências e não em suposições. 

Quando bem definidos e acompanhados regularmente, esses indicadores ajudam a empresa a se manter competitiva e a identificar rapidamente problemas financeiros antes que se agravem.

O que é endividamento

O endividamento empresarial refere-se à quantidade de obrigações financeiras que uma empresa assume para financiar suas operações, expandir seus negócios ou superar dificuldades temporárias de caixa. Ele pode ser composto por empréstimos bancários, financiamentos, emissão de debêntures, entre outros tipos de crédito. O endividamento se torna problemático quando ultrapassa a capacidade de pagamento da organização.

O excesso de dívidas compromete a liquidez da empresa, afetando sua capacidade de honrar compromissos e mantendo uma pressão constante. Isso pode limitar investimentos futuros e prejudicar a reputação da companhia perante o mercado. Por isso, monitorar o nível de endividamento e entender seus impactos é essencial para a saúde financeira do negócio.

Quais são os principais KPIs para verificar endividamento

Para controlar e analisar o endividamento de uma empresa, alguns KPIs financeiros são indispensáveis, já que oferecem uma visão clara sobre a capacidade de pagamento da empresa. A interpretação correta desses indicadores ajuda a antecipar crises e tomar decisões estratégicas para evitar que a dívida saia do controle.

Os índices de liquidez são KPIs que ajudam a medir a capacidade da empresa de honrar suas obrigações. Para calcular esses índices, é necessário ter acesso aos dados do ativo e do passivo circulante, utilizando fórmulas específicas. Essas informações vêm do balanço patrimonial da empresa. Após os cálculos, o gestor poderá analisar a solvência da organização, isto é, se os ativos de curto prazo superam os passivos de curto prazo.

Entre os tipos de índices de liquidez, a liquidez seca e a corrente dizem respeito às obrigações de curto prazo e a liquidez geral compreende também as obrigações de longo prazo.

Para realizar a análise desses indicadores, existe uma regra utilizada pela contabilidade. Uma empresa que analisa os resultados dos indicadores de liquidez segue esta interpretação:

  • Resultado maior que 1: Positivo — a empresa tem mais ativos do que passivos, indicando uma boa capacidade de pagar suas obrigações.
  • Resultado igual a 1: Neutro — os ativos e passivos estão equilibrados, ou seja, a empresa tem exatamente o necessário para cobrir suas dívidas.
  • Resultado menor que 1: Negativo — sugere que a empresa, no momento, não possui ativos suficientes para cobrir seus compromissos.

O indicador de liquidez corrente mede a capacidade da empresa de pagar suas obrigações de curto prazo. Ele reflete, de forma prática, a saúde do fluxo de caixa, já que envolve a maior parte dos pagamentos da organização.

O cálculo é feito dividindo os ativos circulantes – bens e direitos que podem ser convertidos em dinheiro dentro de um ano – pelo passivo circulante, que engloba despesas como impostos, fornecedores e empréstimos nesse mesmo horizonte de um ano de prazo.

A fórmula é:
Liquidez Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante

Esse índice ajuda a entender se a empresa consegue cobrir seus compromissos imediatos sem depender de novos financiamentos.

O indicador de liquidez seca é parecido com o de liquidez corrente, mas com uma diferença importante: ele exclui os estoques do cálculo. A liquidez seca é um indicador relevante para empresas que operam com estoques, como empresas de comércio. Esse índice é útil para avaliar a liquidez da empresa em cenários mais conservadores, onde só os ativos mais “líquidos” são considerados.

Assim, a liquidez seca oferece uma visão mais realista da capacidade da empresa de pagar suas dívidas de curto prazo, mesmo que o estoque não seja vendido.

A fórmula é:
Liquidez Seca = (Ativo Circulante – Estoque) / Passivo Circulante

O indicador de liquidez geral é aquele que leva em consideração todos os ativos e passivos da empresa, incluindo os de longo prazo. Isso significa que ele inclui ativos e passivos com prazos superiores a um ano, abrangendo toda a estrutura financeira da organização.

O principal benefício desse indicador é a capacidade de analisar como a liquidez da empresa tem se comportado ao longo do tempo, permitindo verificar se ela está ganhando ou perdendo capacidade de pagamento. Com essa visão ampla, os gestores podem planejar melhor as estratégias e objetivos para financiar projetos futuros, garantindo previsões mais precisas.

A fórmula é:
Liquidez Geral = (Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo) / (Passivo Circulante + Não Circulante)

Como já mencionado em outro artigo do nosso blog, outro indicador importante é a Dívida Líquida sobre EBITDA. Esse KPI mede o tempo que a empresa levaria para pagar suas dívidas usando a geração de caixa, ou seja, o lucro operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Um índice alto pode sinalizar uma estrutura de capital desequilibrada, exigindo atenção para evitar uma possível crise financeira.

Em termos simples, o índice Dívida Líquida/EBITDA indica quanto tempo a empresa precisaria para quitar suas dívidas se utilizasse toda a sua geração de caixa.

A fórmula é:
Dívida Líquida / EBITDA. Sendo que:

  • Dívida líquida é o total de dívidas da empresa, subtraindo o que ela tem em caixa ou equivalentes de caixa. Ou seja, é o valor real da dívida após considerar o que a empresa já tem guardado para pagar suas obrigações.
  • EBITDA (Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) é uma medida que reflete a geração de caixa das atividades principais da empresa, sem levar em conta despesas financeiras ou impostos. Ele mostra quanto a empresa gera de caixa com suas operações, antes de descontar esses custos.

Quando o valor desse índice cresce, isso pode indicar que a empresa tem um endividamento está aumentando em relação à sua capacidade de gerar caixa, o que significa maior risco de não conseguir honrar suas dívidas.

Quais as alternativas para tratar o excesso de endividamento

Ao identificar um nível de endividamento preocupante, é importante agir rapidamente. Uma ação possível envolve o alongamento da dívida. Esse mecanismo objetiva renegociar os prazos de pagamento e, ao mesmo tempo, manter condições relevantes dos contratos, como taxas de juros. Em geral, o alongamento passa por uma análise de garantias disponíveis, avaliando se é possível oferecer novas garantias aos credores que permitam a extensão dos prazos. O objetivo principal é reorganizar o cronograma de pagamentos para que ele fique mais compatível com a realidade financeira da empresa. Isso alivia a pressão sobre o caixa no curto prazo, dando mais fôlego para manter as operações funcionando.

Os bancos, ao aceitarem o alongamento, avaliam se o novo cronograma é viável, ou seja, se a empresa tem condições reais de cumprir os pagamentos, sempre levando em consideração as novas garantias oferecidas. É fundamental, porém, que a empresa fique atenta ao acordo final para evitar cláusulas desfavoráveis que possam comprometer seus direitos e dificultar a situação no futuro.

A reestruturação da dívida é uma alternativa estratégica para empresas com alto nível de endividamento. Diferente do simples alongamento de prazos, esse processo envolve uma renegociação mais ampla dos compromissos financeiros, buscando melhorar a liquidez, evitar a inadimplência e alinhar o perfil da dívida à realidade operacional da empresa. 

A reestruturação pode incluir a extensão dos prazos de pagamento, a criação de períodos de carência – permitindo que a empresa tenha um tempo sem pagamentos -, a redução das taxas de juros, a substituição de garantias e a reorganização do fluxo de pagamento de acordo com a capacidade financeira do negócio. O principal objetivo é aliviar o peso da dívida, dando à empresa condições para continuar operando de forma sustentável enquanto reorganiza suas finanças.

A venda de ativos não estratégicos, como imóveis, equipamentos ou mesmo subsidiárias, pode ser uma alternativa eficaz para gerar recursos e reduzir o endividamento da empresa. Esse movimento é especialmente útil quando há uma necessidade relevante de capital, permitindo que o valor obtido seja direcionado para quitar dívidas, financiar novos projetos ou melhorar a saúde financeira do negócio. A venda de ativos sempre pode demorar a ser executada porque nem todos os ativos disponíveis podem ser líquidos.

Além disso, essa estratégia ajuda a empresa a concentrar seus esforços em áreas mais promissoras, desfazendo-se de ativos que não contribuem para o crescimento ou que geram custos excessivos. No entanto, é essencial que a venda seja planejada com cuidado para evitar impactos negativos na capacidade produtiva e na competitividade da empresa a longo prazo.

Por fim, é vital revisar o modelo de negócios e identificar pontos de ineficiência que possam ser corrigidos. A otimização de processos e a busca por novas fontes de receita são fundamentais para garantir que a empresa não volte a cair em endividamento excessivo após a reestruturação.

Importância de organizar dados

Organizar dados financeiros é um pilar essencial para o controle do endividamento. Sem informações organizadas e acessíveis, fica impossível acompanhar KPIs, identificar problemas a tempo e tomar decisões assertivas. Empresas que adotam plataformas digitais para consolidar dados financeiros ganham agilidade, precisão e clareza na gestão das finanças.

Ferramentas virtuais oferecem dashboards intuitivos que facilitam a análise de indicadores e a elaboração de projeções. Isso dá aos gestores uma visão integrada do desempenho financeiro e do nível de endividamento, permitindo ajustes rápidos e embasados.

A Limoney oferece uma solução integrada que transforma a maneira como as empresas organizam seus dados financeiros. Utilizando tecnologias como Open Finance, processamento inteligente de documentos e inteligência artificial, a plataforma centraliza informações, proporcionando uma visão clara do negócio.

Com uma base de dados bem organizada, é possível identificar com precisão os indicadores-chave de desempenho (KPIs) mais relevantes para a empresa. Por exemplo, ao consolidar recebimentos de diferentes fontes e cruzar esses dados com despesas e investimentos, por exemplo, ao consolidar recebimentos de diferentes fontes e cruzar esses dados com despesas, financiamentos e empréstimos, a Limoney permite que gestores acompanhem métricas cruciais, como a relação dívida/patrimônio, o custo médio da dívida e a cobertura de juros.

Além disso, o Painel Financeiro da Limoney proporciona filtros rápidos e exportação simplificada para Excel, facilitando análises aprofundadas e a criação de relatórios personalizados. Isso garante que os KPIs escolhidos sejam sempre baseados em dados atualizados e confiáveis, ajudando a tomar decisões mais estratégicas e aumentar a eficiência financeira da empresa.

Conclusão

O controle do endividamento empresarial é vital para garantir a sustentabilidade financeira de qualquer negócio. Monitorar KPIs específicos, como índices de liquidez e a relação dívida líquida sobre EBITDA, ajuda a identificar problemas antes que eles se tornem críticos. Mais do que detectar o endividamento, é essencial traçar estratégias eficazes para resolvê-lo, como alongamento de prazos, reestruturação e venda de ativos não essenciais.

Ao mesmo tempo, investir em ferramentas que organizam e analisam dados financeiros de forma clara e prática é uma atitude estratégica para evitar o descontrole das dívidas. Empresas que dominam suas métricas e mantêm uma gestão financeira sólida estão mais preparadas para enfrentar desafios e crescer de forma sustentável.