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Como Lidar com a Inadimplência de Clientes

Como Lidar com a Inadimplência de Clientes

Inadimplência ocorre quando um cliente ou empresa deixa de cumprir com suas obrigações financeiras dentro do prazo estipulado em contrato. Isso pode incluir o não pagamento de faturas, boletos, empréstimos ou qualquer outro compromisso financeiro. 

Ao tratar desse assunto, é importante ter em mente que a inadimplência pode ser classificada pela quantidade de dias em atraso. Há atrasos “de curto prazo”, quando o atraso é recente e ainda pode ser regularizado sem grandes consequências, e “de longo prazo”, quando o débito persiste por um período prolongado, podendo resultar em restrições de crédito e ações judiciais.

Ambas as situações são um desafio recorrente para empresas de todos os segmentos. Quando um cliente que recebeu crédito deixa de cumprir suas obrigações financeiras, é essencial adotar medidas estratégicas para minimizar prejuízos e recuperar os valores devidos.

É fundamental que as empresas acompanhem a saúde financeira de seus clientes para reduzir os riscos de inadimplência e tomar medidas preventivas.  Neste artigo, abordamos as principais ações a serem tomadas nesses casos:

1. Solicitação de Cobrança

O primeiro passo diante da inadimplência é realizar uma abordagem profissional. A solicitação de cobrança deve ser feita por meio de canais de comunicação eficazes, como telefone, e-mail ou carta registrada. Algumas boas práticas incluem:

  • Contato Inicial: Enviar um lembrete educado informando sobre o vencimento do pagamento e oferecendo alternativas para quitação.
  • Flexibilidade: Caso o cliente tenha dificuldades financeiras temporárias, pode-se negociar novos prazos ou parcelamentos.
  • Registro das Tentativas de Cobrança: Manter um histórico detalhado de todas as interações ajuda na gestão do processo e serve de base para futuras ações legais, se necessário.

2. Negativação

Se depois dos esforços de cobrança, o pagamento continuar pendente, o credor pode negativar o cliente. Negativação é o processo de registrar o nome de um cliente inadimplente em órgãos de proteção ao crédito, que no Brasil são Serasa, SPC, Quod e Boa Vista. Essa medida tem como objetivo alertar outras empresas sobre a falta de pagamento e incentivar a regularização da dívida.

A negativação pode trazer impactos significativos para o cliente, como:

  • Restrição de crédito: Dificuldade para obter novos empréstimos, financiamentos ou parcelamentos.
  • Comprometimento da reputação financeira: O nome do cliente fica registrado como devedor, afetando sua credibilidade no mercado.
  • Impedimento de transações comerciais: Algumas empresas recusam-se a vender a prazo para clientes negativados.

Por todos esses efeitos, negativar o cliente inadimplente é uma medida que pode acelerar o pagamento da dívida. O processo de negativar o cliente envolve:

  • Inserção do Nome nos Órgãos de Proteção ao Crédito: O credor pode registrar a dívida em instituições como Serasa, SPC, Quod ou Boa Vista, impedindo o inadimplente de obter crédito no mercado.
  • Prazo de Regularização: Antes da negativação, recomenda-se enviar uma notificação final, concedendo um prazo para pagamento.
  • Baixa da Restrição: Assim que a dívida for quitada, a empresa deve solicitar a remoção do nome do cliente dos cadastros de inadimplentes.

3. Protesto de título

Outra opção é registrar um Protesto do Título em cartório, o que aumenta a pressão para a regularização da dívida. Protestar uma dívida significa registrar oficialmente, em um cartório de protesto, que um título de crédito não foi pago. Esse procedimento é realizado pelo credor como uma forma de cobrar a parte devedora e criar uma restrição pública sobre sua inadimplência. 

Diferente da negativação, que ocorre nos órgãos de proteção ao crédito, o protesto tem um efeito legal mais direto, pois essa informação fica registrada publicamente nos cartórios. 

Empresas protestadas podem enfrentar dificuldades para obter financiamentos e firmar contratos, enquanto pessoas físicas protestadas podem enfrentar restrições bancárias, dificuldades para obter financiamentos, alugar imóveis e até mesmo abrir contas em determinadas instituições financeiras.

Se todas as tentativas anteriores falharem, é possível ingressar com uma ação judicial para a cobrança do débito, especialmente quando os valores são elevados.

Diferenças no Tratamento de Atrasos de Curto e Longo Prazo

As estratégias para lidar com a inadimplência variam caso os atrasos sejam de curto ou longo prazo, principalmente no que se refere às abordagens junto aos devedores. Tecnicamente, algumas empresas chamam esse atraso de “aging” (envelhecimento) da dívida.

Ao realizar uma solicitação de cobrança de curto prazo, por exemplo, o  foco deve estar na comunicação amigável e na busca por soluções de comum acordo. Contatos frequentes e ofertas de renegociação são eficazes.

Já com devedores que têm atrasos de longo prazo, a comunicação se torna mais formal e recorrente, destacando as possíveis consequências do não pagamento. O mesmo se aplica às notificações de Inadimplência: em atrasos de curto prazo, notificações podem ser enviadas como lembretes para evitar que a situação se agrave. No longo Prazo, as notificações devem enfatizar os impactos legais e financeiros caso a dívida não seja quitada.

A negativação e o protesto são medidas mais recomendadas para atrasos de longo prazo. A Negativação precoce pode ser evitada quando há perspectiva de regularização, e o credor pode oferecer parcelamentos antes de recorrer a esse recurso. Similarmente, o protesto pode ser evitado se houver um acordo entre as partes. Note que negativar ou protestar um bom cliente que apenas esqueceu de quitar uma dívida pode ser visto como muito agressivo, resultando ao final na perda do cliente.

Conclusão

Administrar a inadimplência exige um equilíbrio entre firmeza e flexibilidade. Uma abordagem estruturada, que passa pela cobrança amigável, o protesto do título e a negativação, pode aumentar as chances de recuperar valores em aberto sem comprometer o relacionamento comercial.