O Open Finance está cada vez mais presente no dia a dia das instituições e consumidores no Brasil, como destacou Ana Carla Abrão, diretora-presidente da Associação Open Finance, em entrevista ao Finsiders Brasil durante o evento Rio Innovation Week 2025. Segundo Abrão, um dos marcos mais aguardados será a portabilidade de crédito, que começa a ser testada ainda este ano e terá lançamento oficial em fevereiro de 2026.
“A ideia é fazer uma jornada muito simples para o cliente”, explica. A proposta é que o processo seja ágil, com espaço para contraproposta por parte do banco originador, mas sem barreiras que impeçam a real mobilidade do consumidor. Inicialmente, a portabilidade será voltada ao crédito pessoal, com expansão planejada para o consignado federal e depois outras modalidades.
Outro ponto em discussão é a criação de um marketplace de crédito dentro do ecossistema do Open Finance — uma evolução da EPOC (Encaminhamento de Proposta de Operação de Crédito), prevista no desenho original do sistema, mas nunca implementada. Embora não esteja no cronograma do Banco Central até 2026, Abrão sinaliza que o tema vem ganhando força: “A gente tem uma rede conectada; portanto, pronta para colocar uma funcionalidade dessas no ar. Possivelmente será o próximo passo a partir da portabilidade”.
Para o setor financeiro, os movimentos em curso apontam para uma mudança estrutural no modo como crédito e dados circulam. O modelo favorece a transparência, competição e novas oportunidades de personalização, beneficiando empresas e consumidores.
Na avaliação de Irene Barretto, CEO e Co-fundadora da Limoney, trata-se de um ponto de inflexão estratégico:
“Do ponto de vista das empresas, especialmente as que lidam diariamente com fluxo de caixa, o Open Finance promete reduzir atritos na gestão financeira e ampliar o acesso a crédito com taxas mais adequadas ao perfil de cada cliente. Na prática, isso significa maior liquidez e controle para os negócios”.Com o avanço da portabilidade e a possibilidade futura de marketplaces de crédito, o sistema financeiro brasileiro caminha para um novo patamar de integração. Para quem acompanha de perto, a mensagem é clara: a transformação é uma realidade em andamento.
