A alocação adequada do superávit de caixa pode ser um elemento chave para a gestão financeira das empresas
O superávit de caixa gera oportunidades de investimento, que contribuem para a criação de reservas financeiras e possibilitam a gestão de crises.
Compreender como o superávit surge e como pode ser aproveitado é essencial para o crescimento e a sustentabilidade de qualquer organização. Saiba mais:
De onde vem o superávit de caixa?
Diversos fatores podem levar uma empresa a registrar um superávit de caixa.
Um dos mais comuns é o recebimento de vendas em prazos mais curtos que os pagamentos a serem feitos. Nesses casos, a empresa dispõe de montantes positivos temporários no fluxo de caixa, que permanecem disponíveis até o momento de sua utilização.
É possível também que o superávit aconteça por a empresa conseguir diminuir custos com produção, logística ou administração. Também por benefícios fiscais concedidos pelo governo, que podem resultar em economia de impostos e aumento do caixa disponível, ou crescimento repentino na demanda por produtos e serviços.
Seja por receitas antecipadas ou outros fatores financeiros, esses recursos não devem permanecer parados na conta corrente. Para preservar o patrimônio e evitar a perda do poder de compra causado pela inflação, é essencial investir o dinheiro de forma estratégica.
Por que investir o superávit de caixa da sua empresa?
Um motivo relevante para investir é a possibilidade de construir uma reserva financeira. Essa reserva constitui uma fonte de renda passiva, contribuindo para a solidez do fluxo de caixa e o crescimento financeiro da empresa. Isso permite também lidar com imprevistos.
Os rendimentos obtidos podem ser reinvestidos em melhorias operacionais, expansão ou inovação, contribuindo para o crescimento da empresa. Dessa forma, investir não apenas fortalece a segurança financeira do negócio, mas também cria novas oportunidades de desenvolvimento.
Políticas de risco e liquidez
Ao decidir sobre a modalidade de investimento a ser adotada, a empresa deve considerar principalmente sua política de risco e a liquidez.
A política de risco está relacionada ao perfil de investimento da organização, que pode ser mais conservador ou mais arrojado. Normalmente, essas diretrizes estão estabelecidas em um estatuto próprio da empresa.
Diferentes classes de ativos para investir oferecem diferentes relações de risco e retorno. Por exemplo, investimentos de renda fixa em CDI oferecem menos riscos e também retornos mais modestos quando comparados com outras classes de ativos.
É mais comum encontrar empresas que não tomam riscos nos seus investimentos, deixando os riscos limitados à sua própria atividade. Tivemos casos conhecidos no Brasil de grandes empresas que foram à bancarrota por usarem instrumentos financeiros de alto risco como derivativos. Desta forma, nas empresas, a classe de produtos de renda fixa é a mais escolhida.
Dito isso, cabe mencionar que determinadas organizações podem ter políticas diferentes. Por exemplo, é comum que os fundos de pensão apliquem grande parte de seus recursos em renda variável. Ou seja, cada negócio terá políticas de investimento adequadas à sua atividade.
No que se refere à liquidez, trata-se do prazo necessário para resgatar o capital investido. Dessa forma, a tesouraria precisa prever quando poderá ocorrer um déficit financeiro.
Por exemplo, um CDB com liquidez diária pode ser utilizado para suprir recursos do fluxo de caixa a qualquer momento. Caso a empresa opte por um CDB com vencimento em 12 meses, por exemplo, precisa garantir que não necessitará desses recursos antes desse prazo.
A regra geral é: empresas que necessitam de recursos imediatos devem optar por investimentos de maior liquidez, enquanto aquelas com objetivos de longo prazo podem explorar alternativas menos líquidas e potencialmente mais rentáveis.
Quais os tipos de investimento?
Assim como para Pessoas Físicas, os investimentos se organizam em diferentes categorias. O Open Finance usa as seguintes categorias: Renda Fixa Bancária, Renda Fixa Crédito Privado, Renda Variável, Tesouro Direto e Fundos. Saiba mais sobre cada um:
Renda Fixa Bancária
A renda fixa bancária é uma categoria de investimento que envolve títulos emitidos por instituições financeiras. Esses investimentos oferecem diferentes níveis de risco, liquidez e rentabilidade, conforme a necessidade do investidor. Exemplos:
- CDB (Certificado de Depósito Bancário) – Um título emitido pelos bancos, podendo ter liquidez diária ou vencimento fixo.
- LCI (Letra de Crédito Imobiliário) – Letra usada para financiar o setor imobiliário.
- LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) – Semelhante à LCI, mas com recursos destinados ao agronegócio.
- RDB (Recibo de Depósito Bancário) – Parecido com o CDB, mas sem possibilidade de resgate antecipado.
Renda Fixa Crédito Privado
Os investimentos em renda fixa de crédito privado são títulos emitidos por empresas para captar recursos diretamente do mercado. Eles tendem a oferecer rendimentos superiores aos produtos bancários, mas são influenciados pelo risco de crédito da empresa emissora. Exemplos:
- Debêntures – Títulos de dívida emitidos por empresas para captar recursos, podendo ter isenção de IR para debêntures incentivadas.
- CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) – Também relacionado ao setor imobiliário, é um título de renda fixa lastreado em recebíveis futuros, ou seja, direitos de crédito que uma empresa tem a receber no futuro
- CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) – Semelhante ao CRI, mas voltado para o agronegócio.
Renda Variável
Os investimentos de renda variável não possuem rentabilidade fixa, pois seus preços oscilam conforme a dinâmica do mercado financeiro. Esse tipo de investimento pode proporcionar altos retornos no longo prazo, mas também apresenta maior risco e volatilidade.
No Brasil, a principal referência para o mercado de renda variável é a B3, a Bolsa de Valores, onde são negociados os principais ativos financeiros. Exemplos:
- Ações – Partes do capital de uma empresa negociadas na Bolsa de Valores.
- ETFs (Exchange Traded Funds) – Fundos de índice que replicam o desempenho de índices da Bolsa, como o IBOV11.
- FIIs (Fundos Imobiliários) – Fundos que investem em imóveis ou títulos ligados ao setor imobiliário.
Tesouro Direto
O Tesouro Direto é um programa do Governo Federal que permite a compra de títulos públicos por pessoas físicas através da internet.
Criado para democratizar o acesso aos investimentos em renda fixa, ele oferece opções como o Tesouro Selic, Tesouro Prefixado e Tesouro IPCA+, cada um com características distintas para diferentes perfis de investidores. Esses títulos são considerados os investimentos mais seguros do país, pois têm garantia do próprio governo. Exemplos:
- Tesouro Selic – Atrelado à taxa Selic, ideal para reserva de emergência.
- Tesouro Prefixado – Oferece rentabilidade fixa até o vencimento.
- Tesouro IPCA+ – Corrigido pela inflação mais uma taxa fixa, garantindo poder de compra no longo prazo.
As pessoas jurídicas não podem investir diretamente no Tesouro Direto. O Tesouro Direto é um programa do Tesouro Nacional que é direcionado a pessoas físicas. No entanto, as pessoas jurídicas podem investir em títulos públicos através do mercado secundário.
Fundos
Os fundos de investimento são carteiras administradas por gestores profissionais, que aplicam os recursos dos cotistas em diferentes tipos de ativos, conforme a estratégia do fundo. Essa modalidade permite acesso a uma diversificação maior do que a que um investidor comum conseguiria individualmente. Exemplos:
- Fundos DI – Investem majoritariamente em títulos de renda fixa atrelados ao CDI.
- Fundos de Ações – Aplicam pelo menos 67% do patrimônio em ações.
- Fundos Multimercado – Podem investir em diferentes ativos, como ações, renda fixa e câmbio.
- Fundos Cambiais – Investem em ativos relacionados a moedas estrangeiras, como o dólar.
Conclusão
O superávit de caixa oferece a oportunidade de investir os recursos no mercado financeiro para constituir possíveis reservas para lidar com imprevistos e potencialmente gerar receitas financeiras.
Para investir adequadamente esse excedente, é essencial que a empresa adote uma abordagem consciente quanto ao investimento desses recursos, levando em consideração sua política de risco, liquidez e objetivos financeiros.
O Painel Financeiro Limoney permite acompanhar a rentabilidade e liquidez de investimentos em diversas instituições financeiras, possibilitando a gestão inteligente da carteira de investimentos.