Durante o Febraban Tech 2025, Ana Carla Abrão defende interoperabilidade, desempenho do sistema e portabilidade do crédito como pilares para a próxima fase do Open Finance no Brasil.
A transição do Open Finance de uma pauta meramente regulatória para um motor de inovação em produtos e serviços financeiros já está em curso, aponta Ana Carla Abrão Costa, CEO da Open Finance Brasil, durante o painel “Open Finance: maturidade, confiança e perspectivas”, realizado no Febraban Tech 2025.
Segundo ela, a conectividade entre sistemas e a oferta de soluções como extratos consolidados, transferências inteligentes e crédito portável já estão transformando a relação entre clientes e o sistema financeiro.
A afirmação da CEO reforça a percepção de que o Open Finance entrou em uma nova fase. Segundo Ana, o Open Finance, no atual contexto, se caracteriza como uma nova forma de se relacionar do ponto de vista financeiro, de ofertar e de consumir produto financeiro.
A performance, nesse contexto, se torna uma questão prioritária, e o desafio agora é garantir desempenho ao mesmo tempo em que se viabiliza o lançamento de novos produtos baseados na lógica da interoperabilidade. Por isso, há a expectativa de que novos produtos sejam lançados dentro dos trilhos do Open Finance, isso é, em conformidade com os avanços propostos pelo Banco Central
Durante o painel, a CEO destacou que essa transformação já está em curso, com o próprio Pix se beneficiando da infraestrutura interoperável e com soluções específicas surgindo para pessoas jurídicas, mas sendo preciso fazer o melhor uso da conectividade para entregar mais valor.
Para ela, ainda que já tenhamos migrado de uma agenda meramente regulatória para negócios, alguns bancos realizaram essa transformação com mais afinco que outros. Atualmente, ainda há instituições financeiras que não abraçaram plenamente a agenda, vendo-a apenas como ameaça competitiva.
Todavia, também já existem instituições financeiras oferecendo produtos empresariais lastreados no Open Finance, inclusive com funcionalidades como extratos consolidados e iniciação de pagamentos inteligente.
No entanto, a jornada do consentimento segue sendo um gargalo para empresas com mais de um representante ou sócio. Um entrave que nem as instituições conseguiram resolver, pois o processo permanece excessivamente manual.
Ana defendeu, por fim, a portabilidade do crédito como um direito do consumidor e um mecanismo que amplia a competitividade entre instituições
O painel ocorreu no dia 11 de junho, das 15h20 às 16h20, no Auditório Febraban – Azul, dentro da trilha “Open Finance e as novas fronteiras da constante transformação bancária”. Também participaram Joice Almeida (Santander), Ricardo Gelbaum (Daycoval e ABBC), Rogério Melfi (PilotIn e ABFintechs) e Ivo Mósca (Febraban), em um debate que abordou maturidade, confiança e perspectivas para o ecossistema financeiro aberto.
O Febraban Tech 2025 aconteceu nos dias 10, 11 e 12 de junho, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. Considerado o maior evento de tecnologia e inovação do setor financeiro, o congresso reuniu lideranças de segmentos como tecnologia, sustentabilidade, telecomunicações e varejo para discutir os rumos da economia digital.
Opinião Limoney
A leitura da CEO da Open Finance Brasil sobre o amadurecimento do ecossistema financeiro aberto vai ao encontro do que a Limoney já observa no dia a dia das empresas: o Open Finance passou a viabilizar uma nova geração de soluções de gestão financeira mais próximas às necessidades operacionais.
Para Irene Barretto, CEO da Limoney, o momento é de aproveitar o avanço da interoperabilidade para ampliar a automação no financeiro das empresas: “A infraestrutura aberta e segura criada pelo Open Finance permite que as soluções para gestão financeira passem a automatizar muitas tarefas que hoje ainda são manuais e improdutivas na maioria dos negócios de pequeno e médio porte, e é nisso que estamos investindo”, afirma.
A executiva também vê com bons olhos o debate sobre portabilidade de crédito e o crescimento da maturidade dos serviços voltados a pessoas jurídicas, mas destaca que a jornada do consentimento ainda tem muitos aprimoramentos.