fechar menu

Cobrar e receber

Duplicatas escriturais: modernizando recebimentos a prazo entre empresas

Duplicatas escriturais: modernizando recebimentos a prazo entre empresas

Previstas para se tornarem obrigatórias a partir de 2026, as duplicatas escriturais prometem transformar a forma como empresas registram, negociam e antecipam recebimentos a prazo. Totalmente digitais, esses títulos representam uma das principais apostas do Banco Central para reduzir fraudes e modernizar o mercado financeiro.

Entenda o que são as duplicatas escriturais

As duplicatas escriturais representam uma evolução importante na forma de documentar e negociar recebimentos a prazo no mercado brasileiro. Elas são títulos exclusivamente digitais, utilizados para registrar operações comerciais de venda de produtos ou serviços entre empresas. Com escrituração e registro feitos integralmente em sistemas eletrônicos, todo o ciclo de vida dessas duplicatas passa a ser acompanhado de forma transparente.

Previstas pela Lei nº 13.775/2018 e regulamentadas pelo Banco Central, as duplicatas escriturais substituem os antigos documentos em papel ou arquivos digitais não certificados. Essa digitalização traz ganhos expressivos de eficiência, segurança e rastreabilidade para as empresas e para as instituições que antecipam recebíveis.

Até a adoção dessa mudança, a emissão e circulação de duplicatas depende de processos manuais e físicos, que dificultam a verificação de autenticidade e abrem espaço para fraudes. Com o novo modelo, todo o histórico do título fica registrado eletronicamente, tornando o mercado mais confiável.

A expectativa é que, a partir de 2026, a escrituração e o registro das duplicatas escriturais passem a ser obrigatórios. Em fase final de testes de homologação, o sistema vem sendo implantado com atenção especial à segurança, de forma gradual. 

A obrigatoriedade será progressiva. Virá primeiro para as grandes empresas, depois médias e pequenas, com seis meses de intervalo entre cada etapa. Com a conclusão desse processo, as antigas duplicatas em papel ou PDF deixarão de ter validade legal para fins de cessão ou transferência de direitos creditórios.

As operações passam a ocorrer exclusivamente por meio de entidades registradoras autorizadas pelo Banco Central, que ficam responsáveis por centralizar as informações sobre emissão, liquidação e eventuais inadimplências.

Como as duplicatas escriturais funcionam na prática?

A seguir, veja as etapas do processo envolvendo a duplicata escritural:

1. Emissão da nota fiscal

Tudo começa com a emissão da nota fiscal que formaliza a venda a prazo.

2. Escrituração eletrônica

O cedente (empresa que vendeu o produto ou serviço) registra eletronicamente a duplicata por meio de uma IMF (Infraestrutura de Mercado Financeiro). Esse processo envolve:

  • Envio da duplicata à IMF.
  • Aceite ou contestação do sacado (opcional).
  • Autorização do cedente para que instituições financeiras tenham acesso à duplicata (opt-in).

3. Registro da cessão

Quando a duplicata é negociada (cedida) a uma instituição financeira, ocorre:

  • Atualização da titularidade.
  • Comunicação ao sacado com novos dados.
  • Bloqueio da duplicata para outras negociações.

4. Liquidação da duplicata

Na data de vencimento, o sacado faz a transferência diretamente à instituição que adquiriu o título.

Principais vantagens das duplicatas escriturais para as empresas

A digitalização das duplicatas transforma de maneira direta a forma como empresas recebem e antecipam valores. Entre os principais benefícios estão:

  • Mais segurança contra fraudes: Com registro centralizado e consulta em tempo real, fraudes ou duplicidades de uso da mesma garantia são drasticamente reduzidas.
  • Redução de custos operacionais: Eliminação de processos manuais e conferências repetitivas.
  • Análises de crédito facilitadas: Informações padronizadas permitem que bancos e fintechs façam análises mais rápidas e precisas.
  • Taxas de juros mais competitivas: Como a avaliação de risco se torna mais confiável, as instituições conseguem oferecer condições melhores para a antecipação de recebíveis.
  • Previsibilidade financeira: O fluxo de caixa melhora, pois a empresa consegue antecipar valores de forma segura e planejar melhor saídas e investimentos.

A mudança também cria oportunidades para fintechs desenvolverem soluções inovadoras, como plataformas de antecipação mais ágeis. Além disso, contribui para o uso de tecnologias de inteligência artificial e análise de dados na avaliação de risco, beneficiando especialmente micro, pequenas e médias empresas.

Segundo Ricardo Vieira, chefe de divisão do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, em apresentação realizada no dia 30 de junho de 2025, o novo sistema foi desenhado para facilitar a negociação direta, automatizar emissões e reduzir litígios.

Opinião Limoney

Segundo Irene Barretto, CEO e Co-Founder da Limoney Tecnologia e Gestão Financeira, com essas mudanças, as duplicatas escriturais tornam-se uma ferramenta moderna, segura e eficiente para registrar e negociar recebimentos a prazo. 

“As duplicatas escriturais contribuem para aumentar a transparência das garantias e fortalecer o mercado, especialmente na antecipação de recebíveis, beneficiando principalmente empresas que buscam previsibilidade e acesso a melhores condições”. 

Irene também destaca a importância da inovação nos processos financeiros: “As iniciativas do Banco Central com o objetivo de modernizar o modelo de gestão financeira no Brasil, são extremamente importantes. Como o BC, a Limoney também aposta na tecnologia e inovação para tornar os processos mais ágeis, seguros e integrados”, complementa.