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Sócio de empresas de tecnologia diz que, no mundo do TI, o controle de caixa deve ser justo e fino

No mundo do TI, o controle de caixa deve ser justo e fino

Webinar “Do Código ao Caixa: Como Organizar a Gestão Financeira da sua Empresa de TI” aconteceu no dia 7 de novembro de 2025, no Youtube e Linkedin

A Limoney realizou, na sexta-feira, 7 de novembro de 2025, às 9h, o webinar “Do Código ao Caixa: Como Organizar a Gestão Financeira da sua Empresa de TI”, com transmissão gratuita pelo YouTube e LinkedIn. 

O evento contou com a participação de Marcelo Rosenburg, cofundador da Limoney e ex-CFO da Habber Tec e da GFT, e abordou os principais desafios financeiros enfrentados por empresas de tecnologia, especialmente SaaS e consultorias de serviços de TI.

A discussão explorou os desafios de gerenciar empresas de tecnologia com foco em finanças, sendo a automação a palavra-chave que dita o roadmap da Limoney para otimizar o fluxo de caixa e aumentar a produtividade no financeiro. Marcelo Rosenburg destacou a crença de que o excesso de caixa em uma empresa pode levar ao desperdício e que a área financeira, mesmo em grandes empresas, tem ficado para trás nos investimentos em automação, mantendo muito trabalho manual. 

A solução da Limoney visa fornecer uma visão diária do caixa (inclusive para os próximos três meses) e automatizar tarefas como conciliações e controle de contas a pagar/receber, usando IA. Para tangibilizar o conteúdo, os participantes foram convidados a agendar uma demonstração para experimentar gratuitamente o painel financeiro de automação da Limoney por 30 dias.

A gravação completa do webinar, além de materiais complementares como guias e estudos de caso, está disponível gratuitamente no portal de eventos da Limoney: eventos.limoney.com.br.

Você também pode assistir abaixo a transmissão do Youtube, além de ler a transcrição completa da entrevista:

IRENE: Olá pessoal, muito bom dia, sejam bem-vindos a mais um webinar promovido aqui pela Limoney. Eu sou Irene Barreto, CEO e cofundadora aqui da Limoney, e hoje a gente vai explorar uma conversa bastante importante aqui com o Marcelo Rosemburg. 

O Marcelo tem mais de 20 anos de experiência liderando finanças em empresas de tecnologia. O Marcelo é cofundador aqui da Limoney também, né? Então a gente vai explorar essa visão do Marcelo em torno dos desafios de gerenciar uma empresa de tecnologia, com esse olhar voltado para as finanças.

Então queria dar aqui as boas-vindas ao Marcelo e a gente aí começa o nosso papo. Marcelo, muito bom dia, tudo bem?.

MARCELO: Tudo joia, bom dia Irene.Não, legal tá aqui, assim a gente fazendo esse papo diferente, né? A gente sempre estava focado em alguma coisa específica aí no, nos últimos, né, num assunto específico mais técnico e tal. Aí aqui vai ser um papo mais descontraído, tal, pra gente contar um pouco da história aí dos bastidores e falar um pouco de gestão financeira, principalmente empresas de TI aí. Bacana.

IRENE: Marcelo, pra gente começar, queria que você falasse um pouquinho da sua trajetória, enfim, essa, o seu passado, essa transição de tecnologia para finanças; e finanças para tecnologia, enfim, conta um pouquinho da sua história aí.

MARCELO: Pois é, né? Fui, saí, voltei e tal. Então, assim, a minha história começou fazendo, eh, um curso de tecnologia na faculdade, né? Fiz Engenharia de Computação na Unicamp, numa época praticamente pré-internet, né? Então, não era todo esse, eh, esse hype que, vamos dizer, existe hoje. Já era um curso considerado, né, o curso do futuro, mas, assim, na prática, você ficava ali sentado, você e o computador, tal. Não havia todo esse impacto que a tecnologia tem hoje, né?

E aí, diante desse cenário, eu acabei, na época, optando por sair. Fui pra área financeira, mesmo sem nenhuma ligação com tecnologia. Na época, empresa de bens de consumo, P&G e tal. Depois, passei por farmacêutica, fui fazer um MBA fora, me especializei em finanças, né?

E aí fiquei bastante tempo nessa carreira financeira, fora da área de tecnologia, até resolver empreender, né? Eh, e aí voltei para a área de tecnologia, numa época em que realmente o hype já era outro, com a tecnologia tomando as rédeas do mundo.

Voltei, então, para a área de tecnologia, com empresas que foram crescendo — foram mais de uma empresa, a gente teve mais de uma no passado — focadas em tecnologia.

E, obviamente, eu acabei assumindo nessas empresas em crescimento, tanto startup como empresas de serviços de TI mais tradicional, né, que foi o caso da Abertec lá atrás, o papel de direção financeira aí.

Então, assim, tem um longo caminho aí de experiência, dando cabeçada aí nessa área financeira, né, com seus problemas, né? Então, é um pouco do passado aqui rapidamente, né?.

IRENE: Ah, legal. E, nesse contexto, de que forma que essa tua experiência, essa tua vivência acabou impactando ou influenciando aqui na definição do propósito da Limoney, né?.

MARCELO: É, quando a gente tava lá atrás definindo o produto, né? Todo mundo que já passou por isso em startup, né, de tentando ver cara qual que é o melhor produto de encaixe no mercado, como que eu vou fazer esse produto se diferenciar, uma das coisas que a gente percebeu lá atrás assim é que a gente tinha dentro de casa o conhecimento muito forte do que é gerenciar.

Quando a gente partiu, né, para a história de otimizar fluxo de caixa e falar de melhoria produtividade no financeiro, a gente tinha dentro de casa um conhecimento bastante aprofundado de uma empresa de serviço, né, muito focado no setor de tecnologia também, mas também com experiência em outros, outros setores. Então, assim, essa experiência de certa forma o que ajudou a gente a guiar as funcionalidades do produto, o que que era preciso, foi muito pensando nessa gestão do dia a dia de uma empresa de tecnologia que a gente foi moldando e desenhando as funcionalidades e desenvolvendo o produto, né? Que estamos nessa jornada aí de melhoria do produto, mas sempre com esse objetivo aí de tentar resolver 100% essa gestão financeira de uma empresa de serviço, né?.

IRENE: Hum, legal, interessante. Bom, mas a gente sabe aí que o gerenciamento de caixa é rei, né? The Cash King, né? Para a gestão, na gestão financeira de qualquer empresa,seja ela pequena, média ou grande.

E a gente observa realmente algumas dificuldades dos líderes, enfim, dos gestores que cuidam ali da tesouraria da área financeira em realmente organizar esse dia a dia. 

Qual é a tua visão para essa questão? Para essa dor – e como isso se compara com o mundo da TI, ou seja, quais são os desafios de gestão de caixa, mais precisamente falando, nas empresas de tecnologia?.

MARCELO: Assim, quando a gente fala tecnologia, tem várias tecnologias diferentes, né? Tem vários tipos de empresas de tecnologia, mas assim, eu vou começar dando um passo para trás assim.

Eu tive alguns mentores na minha vida, né? Talvez o primeiro que eu lembro que tocou no assunto financeiro tinha um mantra que eu carreguei para o resto da vida, e que eu acredito piamente: excesso de caixa em empresa é pedir para ter desperdício, tá? 

Então, assim, um caixa bem administrado significa que provavelmente a empresa tá muito bem administrada, ou tem a tendência de estar muito bem administrada. Sobrou dinheiro, a tendência é ter desperdício, tá? 

Isso, ao longo da experiência da vida, isso ficou muito claro também. A gente, na vida pessoal, pode trazer o paralelo, né? Ah, tá sobrando dinheiro, vou fazer aquela viagem, vou gastar, vou comprar aquele negócio que a mais que eu não compraria caso tivesse um pouco mais apertado. Então a empresa não é muito diferente disso. Você acaba contratando mais, você acaba investindo em coisas que você não investiria se tivesse num regime de caixa mais apertado.

Então, levando esse mantras aqui para as empresas de tecnologia e pensando nesse setor aí assim: primeiro separando por tamanho, né? Empresas pequenas e médias, isso é ainda mais relevante porque assim você tá brigando para sobreviver. 

Então, você tem, ou o principal indicador da empresa que existe é o caixa. “Cara, eu vou ser capaz de pagar salário? Tenho minhas contas para pagar, pô, daqui a três meses como é que vai tá a situação? Eu vou, a coisa tá consumindo caixa, eu vou ter grana para continuar, né?”

Então, quando você é pequeno e médio, você tá ali pensando no vender o almoço para pagar a janta, então o caixa é o negócio principal, tá? Então, é até divertido, né, quando quem já passou por esse mundo de startup aí começa a te perguntar: “Ah, qual que é o custo de aquisição de cliente? Qual que é o seu lifetime value?“, e tal, assim, cara, eu tô mais preocupado aqui se eu vou ter dinheiro depois de amanhã para pagar as contas.

Então, nesse mundo de TI, você precisa ter controle de caixa justo e fino, independente do tipo de empresa. A gente fala de empresas de serviço de TI, empresas de SaaS – que tem alguma ferramenta que tem alguma assinatura, tal – nesse primeiro momento assim, o controle de caixa é fundamental para que essas empresas sejam bem geridas.

Então, a gente [na Limoney] focou muito nisso: essa visão aí de controle de caixa fino para que você não tenha surpresas, né?.

Aí fala separando um pouco para o tipo de empresa, né? Quando a gente fala de uma empresa de prestação de serviço e uma empresa de SaaS, os desafios são um pouco diferentes do ponto de vista de gestão financeira.

No de serviço é sempre aquele: “Eu vou ter projeto? E vou ter a minha equipe? Eu tenho que pagar a equipe, se eu não tiver projeto a equipe fica desalocada”. Eu tenho, né, o famoso bent, que a galera de TI fala: “Pô, tem um monte de gente parada comendo minha margem”.

Então tem uma administração de projeto, uma administração de alocação de recursos, que é muito forte. Ou seja, “Quanto eu vou contratar? Que também se eu não contratar eu não consigo fazer projeto novo”. 

Então você tem uma visão muito clara das entradas e muitas vezes as suas entradas de caixa estão relacionadas à entrega de projeto, então você tem que ter uma relação de finanças muito próxima entre a execução dos projetos e o teu caixa ali, né? A gente precisa ficar podendo ajustar esse caixa à medida que os projetos avançam,  para ter uma visão mais clara do que você vai precisar.

No caso do de uma empresa de SaaS, né, de venda de assinatura, é muito mais aquele controle do, né, da venda, do marketing: se eu vou estar ganhando cliente, se eu tô perdendo cliente, como que é essa despesa de aquisição de cliente. Normalmente, quando você tá crescendo, é um consumo de caixa, então você tem que prever quanto está gastando de marketing, quanto o curso do meu lead está gerando assinaturas adicionais.

Fora o investimento que você tá fazendo aí na equipe de desenvolvimento para acelerar o produto, né? Então, os desafios são um pouco diferentes, mas o que que eles têm em comum: ter uma visão de caixa te ajuda muito na tomada de decisão do dia a dia do que você pode fazer, do que você deve fazer, né? Então, tomar essas decisões, ser eficiente do ponto de vista financeiro que ajuda muito a evoluir a empresa com segurança.

IRENE: Entendi, legal, bacana, Marcelo. E aí assim, falando um pouco das empresas, talvez essa, a gente hoje tem, né, aqui esse boom, né, já cerca de 5, 10 anos de startups de fintechs, né, de Healthechs, enfim, várias empresas pequenas, né, em tecnologia a gente ainda vê bastante empresa, né, também aí de porte pequeno. 

Como é que se enxerga o desafio de separar a questão da PJ da PF, né? Enfim, em alguns, em alguns setores isso tende a se misturar fortemente, né, e eu acho que embaralha bastante a gestão do dia a dia, né?

MARCELO: Sem dúvida. Assim, até engraçado, se a gente bate com um monte de empresa aqui a gente começa a discutir finanças, eu já falei com muita gente assim. 

Para mim, até pelo fato de ter começado numa grande empresa, de ter tudo muito organizado, tal, é até estranho, assim, sempre preguei muito essa separação total. Qual é o problema de você misturar a sua PF e PJ? A visão que você tem do caixa começa a ficar muito complicada de você entender de fato quanto dinheiro a empresa está gerando, né?.

Então, a gente já passou por empresas onde roda muito dinheiro, mas a margem é muito pequena. Então, você sempre tem aquele monte de dinheiro em caixa rodando, recebendo muito dinheiro, com aquela sensação de que: “Pô, eu posso tirar mais dinheiro aqui para mim na PF porque tem muito dinheiro na empresa”, mas de fato a margem é muito apertada, você tem um deslocamento de custo versus a receita.

Então, a gente já viu gente passando aperto justamente por juntar [PF e PJ]. Então, ter essa separação [é essencial], e muitas vezes você tem que ser muito rígido nessa separação para não deixar realmente misturar, para que você tenha essa visão de caixa claro.

Eu falei no início aqui que tem o mantra de “ter o caixa apertado na empresa”, ou “sempre manter um caixa apertado”. E isso não quer dizer que é não ter caixa, né? A empresa tem que sobreviver, você tem que ter alguma folga, porque se der algum atraso de cliente, alguma coisa, você precisa ter alguma folga para pagar salário… você não pode se apertar por isso. 

Mas, assim, essa, para mim, é a forma de separar PF e PJ: se você mantém o caixa equilibrado com o mínimo que a empresa precisa de de fluxo de caixa ali, de capital de giro para poder operar, o excesso você distribui, tá? E aí na pessoa física, se você vai gastar o dinheiro ou não, aí a decisão de cada um dos sócios, mas assim, a empresa tem que tá saudável e pensando ali no capital e sem deixar os indicadores se misturarem, né?.

IRENE: Hum, legal, Marcelo. Você comentou que o propósito da Limoney surgiu a partir praticamente de uma vivência própria tua aí como gestor financeiro e desse dia a dia aí, né? Como você entende que a Limoney hoje pode ajudar empresas, especialmente as de tecnologia?

MARCELO: É, quando a gente parou para olhar o passado, né? Eu já toquei financeiro onde não tinha sistema nenhum de ERP para controle de gestão, empresas até razoavelmente grandes! Já toquei financeiro que tinha sistema de ERP, que tinha SAP, que tinha outros sistemas, tá?

Eu sempre tive uma certa relutância em adotar os sistemas de gestão, porque eles têm uma grande dificuldade justamente nessa projeção de caixa. Como a gente tava falando de empresa, no início aqui [da Limoney], pequena ou média, o que te importa é saber se daqui uma semana vai ter dinheiro para pagar as contas que vão ter daqui a três meses, se a empresa vai estar saudável, né? 

Isso dentro do ERP é um negócio muito custoso, porque o ERP tá voltado para conciliar o passado, e mesmo assim, a gente sabe que tem os seus problemas, né, mas você tá muito voltado para o relatório contábil, tal. 

Então, quando você tá numa empresa pequena, você fala assim: “Ah, tá aqui o seu DRE, tá aqui o seu balanço”, e cara, não é isso que de fato é preciso nesse momento para administrar a empresa. É um negócio contábil que a gente precisa para manter as contas corretas da empresa? É importante também, não tiro a importância disso. Eu já passei por algumas due diligence sem nunca ter tido nenhum apontamento de problema justamente por esse cuidado também com o contábil, mas assim, o indicador mais importante o ERP não consegue, que é a projeção de caixa, que é essa visão do do caixa do dia a dia.

Então, acho que o principal diferencial que a gente colocou na Limoney é: eu consigo ter uma visão, organizar as minhas finanças do que eu já paguei, do que eu já recebi, do que eu vou receber, do que eu vou pagar, num lugar só, e essas coisas irem se conciliando automaticamente, ou seja, sem ter aquele trabalho, esforço desesperador de ficar conciliando o caixa, né? Que você fica no Excel lá marcando, ou no sistema, no seu ERP dando baixa, ou seja, que essas coisas aconteçam naturalmente e, ao mesmo tempo, eu já tenho a projeção ali para a frente, né?.

Então, você pega o gasto do cartão de crédito corporativo hoje, principalmente você estando numa startup. Você tem coisas de nuvem e tal que você tá colocando no cartão de crédito. É preciso que você saiba quanto você vai pagar, se você vai pagar R$500, R$1.000, R$ 2.000? Não, mas você tem uma noção clara do nível de despesa. Então, você pode projetar essas coisas e deixar essas conciliações entrando, e dentro do limite que a gente entende que é o que a Limoney está fazendo, deixar esse negócio ser automatizado e ser baixado e ser conciliado para você.

Então, falando principalmente das vantagens, o que que a gente fala primeiro aqui: ter uma visão de caixa dia a dia, né, dos próximos três meses aqui, do que que é o principal, né? Nos próximos três meses o que que vai acontecer. A gente consegue ter essa visão, ter uma visão gerencial do que que tá acontecendo no meu caixa. 

Fazer uma automação desse financeiro do dia a dia, né? Muitas vezes gera muito trabalho, né. Você tem que ter uma equipe para ficar fazendo “Ah, quem pagou? ” Quem não pagou? os pagamentos que eu tenho que fazer! Entrou no banco, deu baixa, fez todo esse controle de contas a pagar e a receber?”. Então, assim, tem uma automação muito forte, tá? Inclusive usando, né, toda a parte de IA aí para ler os documentos que chegam, para poder gerar esses pagamentos previstos de uma maneira menos manual, tá?.

E na parte de conciliação bancária, assim, a gente tá usando o Open Finance, né? Que a gente viu no nesse mundo PJ ainda, né? Para quem não conhece, é uma estrutura que o Banco Central criou justamente para compartilhamento de informação. 

Os bancos, na minha visão, usam esse negócio muito mal, porque, como cliente, você tem a sensação que eles querem que você dê o seu consentimento só para eles saberem o que que você tem de dinheiro em outros bancos. 

A gente vê o Open Finance para o próprio cliente, ou seja, como uma forma de automatizar esse trabalho do dia a dia. O que que a Limoney faz com o open finance do cliente para a Limoney? Nada. O que a gente faz é prover um sistema que usa o Open Finance pro próprio cliente poder fazer essa automação sem ter que você ficar baixando o extrato de banco e aquela coisa do dia a dia, tal. 

E a gente sabe que, dependendo com com quem você trabalha – empresa de TI, então, que trabalha para banco –, para cada cliente, tem que criar uma conta bancária, às vezes em mais de uma filial, vira aquela loucura completa de automação.

Então, a gente tentou juntar tudo isso, mais o controle documental, que é muito importante pro contábil – você saber que você tem todos os seus documentos fiscais, e que tudo que você está considerando como despesa e receita do mês está nesses documentos.

 A gente vê, né, Irene, conversando muito aí no mercado, que tem muita gente que não dá importância nenhuma para: “Cara, cadê a nota fiscal que tá, que que tá por trás desse pagamento? Que tá por trás desse recebimento?”. Se não tem um controle, então a gente também teve esse cuidado, já que eu estou falando de controle de gestão, de ter um controle documental para poder fazer um fechamento bem feito e depois, no caso de uma auditoria – seja de fiscalização ou possível due diligence, que você não tenha nenhum problema de levantar essa documentação.

IRENE: Perfeito. Marcelo, e nesse contexto de evolução tecnológica, né, a gente sabe que as empresas ali obviamente acabam priorizando investimentos em determinadas áreas, né? 

Como é que você vê a área financeira das empresas de tecnologia, especialmente, mas também a todas as outras, investindo em automação no financeiro? Esse movimento já vem acontecendo ou ainda tem bastante, digamos assim, mato alto para poder trazer tecnologia para dentro das finanças das empresas de tecnologia?.

MARCELO: É, é até surpreendente, né? A gente conversando no mercado, né? A gente na Limoney a gente acabou focando no início em empresas médias, né? Mas até nas empresas grandes que batem na nossa porta para conversar sobre automação, a gente vê que o financeiro acabou ficando de lado um pouco nesse todo esse esse trabalho que foi feito de tecnologia, de avançar em automação.

Acho que a pandemia, principalmente na parte de vendas de marketing, tal, a pandemia puxou muito a área de tecnologia para automação, muito investimento em tecnologia, mas assim o financeiro acabou ficando como uma área secundária, e a gente vê muito, muito financeiro ainda com muito trabalho manual, né? E apesar de sim ter avanços na área, muitas empresas avançaram, mas na minha visão ficou um pouco aquém do que o resto foi, foi feito para as outras áreas, né?.

Então, você vê o trabalho, tem muito ainda aquela crença que assim: “Ah, eu vou instalar o ERP, o ERP vai resolver o meu problema”, “Eu vou trocar a versão do ERP agora para a versão não sei das quantas e ali vai ter as coisas”. A gente sempre fica com essa crença de que a próxima [versão do ERP] vai resolver isso no financeiro. E o financeiro, eu acho para mim, ele é pouco reativo nessas coisas, principalmente por ter muito trabalho de dia a dia operacional, né? Pô, vai chegar o fim do mês, eu tenho que fechar o mês, não tem jeito. É um marco ali que eu não tenho como. Se eu perder aquele fechamento ali, eu tenho problemas fiscais, né, de multa. Então, não é um prazo que você possa negociar.

Então, o que que acontece? Você vai se adequando para cumprir esses prazos. Aí chega alguém e fala assim: “Ah, vamos fazer um projeto aqui de automação”, o cara fala: “Ah, só se eu trabalhar da meia-noite às seis, porque já não tenho mais tempo”. Então, tem uma certa letargia de mudança no financeiro justamente pelo excesso desse trabalho operacional. Que assim, o urgente não dá espaço pro importante, né? Então, a coisa vai ficando para trás.

Então, acho que esse é um pouco do que a gente tá vendo aí empresas de diversos tamanhos, tá? E assim, estamos bastante animado com o que a gente tá vendo na Limoney. A gente usa o painel, né? A gente criou o painel para administrar uma empresa de tecnologia; a gente é uma empresa de tecnologia e a gente tá usando o painel ali no dia a dia. 

“Cara, tá 100% da visão que você imaginou?”. Não. A empresa é razoavelmente nova, a gente tem bastante evolução de produto aí para fazer. Mas a gente tá bem animado com o dia a dia, ou seja, a gente tá se aproximando muito rápido dessa visão de conseguir jogar absolutamente tudo ali para dentro e eliminar os 50 controles paralelos que normalmente você tem em Excel e outras coisas, né?

Então, bastante animado com o que a gente atingiu e com as coisas que estão por vir aí, principalmente falando da evolução do mercado de inteligência artificial, né, de todo esse hype de IA que a gente tá falando aí — tem muita aplicabilidade para o que a gente tá fazendo aqui. A gente já incorporou uma parte, mas assim, os planos são bastante grandes aqui pro futuro.

IRENE: Quer dizer, o painel financeiro da Limoney hoje traz aqui um grau de automação importante pro dia a dia ali da tesouraria das empresas. Para esse dia a dia operacional financeiro de contas a pagar, de contas a receber, de conciliação. Traz a projeção diária e semanal de caixa para as próximas 13 semanas, relatório mensal consolidado de caixa, conciliação documental. 

Mas qual é o roadmap para a frente de crescimento aí e qual é a visão de futuro para esse produto, na tua visão? Assim, onde se quer chegar? onde que a gente quer chegar do ponto de vista de automatizar o financeiro e dar visibilidade?

MARCELO: É, acho que a palavra-chave foi o que você falou aí: automatizar, né? Se tivesse que escolher uma palavra do que vai ditar o nosso roadmap aqui, é a automação, tá? Então, assim: automatizar, automatizar, automatizar — tudo o que a gente puder.

A gente está enfileirando todas as tecnologias e, muitas vezes, a gente bate com alguns problemas financeiros que ainda estão na década de 90. O banco ainda não tem a API que você precisa para fazer toda a conciliação que precisa. Então, você vai bater em tecnologias dos anos 90 para resolver os problemas do século XXI. Mas a gente está empacotando essa tecnologia para tentar justamente dar essa automação.

E automação não só no operacional. E a gente começou a avançar agora numa automação também de visão gerencial: de como que eu uso as ferramentas que a gente tem ali dentro para dar uma visão mais gerencial, de ajudar a ver aquela operação de uma forma mais fácil, sem ter que ficar gerando um monte de trabalho.

Ou seja, eu como gestor entrar lá e ter uma possibilidade de entender a minha operação sem ter um time enorme de gente ali fazendo aquela conciliação, garantindo que aqueles números estão corretos. Quem usa Excel sabe disso, né? Monta aquele super Excel, aí entra alguém lá, põe uma célula, mexe numa fórmula, põe uma coluna, uma linha num lugar que não deve, e aí o relatório que eu tinha, que eu achava que tava certo, não tá totalmente correto.

Então, ter esse suporte de sistema sem necessariamente entrar em todo o overhead. Sem o excesso de custo que acaba me gerando o ERP para poder fazer esses lançamentos. Então, “automação, automação, automação”, o máximo que a gente puder, tanto do ponto de vista operacional quanto de facilidade de gestão, relatórios e tudo mais. Ou seja, esse é o roadmap que a gente tá indo, de como usar essas ferramentas modernas de IA, tal, para resolver o máximo possível desses problemas. Esse é o caminho.

Além disso também, né, a gente está usando a IA do ponto de vista técnico para tentar entrar um pouco mais no operacional. A gente vê que essas empresas — não só as de TI, mas de outros setores também — têm o financeiro meio refém do operacional.

Como o operacional está funcionando ali no Excel, muitas vezes ele não consegue ter a informação fidedigna para poder fazer a conciliação de caixa. Por isso, a gente também está avançando, usando IA para poder incluir algumas extensões funcionais.

Com certeza, em TI, a gente também vai ter extensões funcionais específicas que vão ajudar nesse controle do dia a dia operacional e gerar a informação que o financeiro precisa. Então, o foco é automatizar o financeiro e ampliar um pouco o escopo para cuidar de algumas tarefas operacionais que geram input para o financeiro.

IRENE: Perfeito. A gente está falando o seguinte: aumentar o grau de automação no financeiro e fazer uma integração com outras áreas operacionais, né? Praticamente como se fosse integrar o workflow, onde a gente já recebe o dado e ele já vai alimentando o dia a dia financeiro.

Perfeito. A gente tem aqui mais três minutinhos para encerrar, e você citou aí inteligência artificial — realmente, é o hype do momento, né? Qual é a tua visão prática da aplicação da inteligência artificial para a gestão financeira? Como é que você vê, efetivamente, o uso da IA em finanças?

MARCELO: Olha, é sempre aquela questão: como a gente está falando dos números da empresa, de resultado financeiro, é preciso ter cuidado. A gente tem que ter uma segurança muito grande quando está lidando com números financeiros — não dá para ser “mais ou menos”, né?

Se eu for lá no ChatGPT, fizer uma pergunta e ele me der uma resposta que está mais ou menos certa para a pergunta que eu fiz, é aceitável talvez no contexto em que a gente está aqui. No financeiro, porém, você tem uma dificuldade maior.

Então, a gente está usando isso de duas formas. Primeiro, para tentar ajudar nessa precisão — ou seja, quanto a IA pode aumentar a precisão, ler os documentos, extrair dados, tirar o trabalho operacional — e, ao mesmo tempo, buscar o gerencial: como posso usar a IA para fazer perguntas sobre as minhas informações de forma segura e precisa, sem gerar alterações nos dados? Algo como “o que está acontecendo?”, “me ajuda a analisar”, “o que eu posso fazer?”, e tal.

Esse é o caminho que a gente vê como principal aqui na Limoney para o uso da IA. Ainda estamos tomando um pouco mais de cuidado com esse hype atual de agentes e tudo mais, pelo fato de lidarmos com informações financeiras. Eu não vou sair colocando agente para fazer lançamento no banco ou aprovar coisas automaticamente, porque a gente tem um certo compliance.

IRENE: Legal! Olha, o Everson mandou uma perguntinha bacana aqui, de um tema que a gente ainda não abordou. Marcelo, na sua opinião, quais estratégias práticas as empresas de serviços em TI, em fase inicial, podem adotar para conquistar confiança no mercado e atrair seus primeiros clientes, diante da alta competitividade, da falta de reconhecimento da marca e, considerando que, na grande maioria dos casos, pela falta de caixa, a conta PF do fundador ainda é a patrocinadora da PJ — o famoso capital próprio, né?

Mas, enfim, qual é a tua visão para esse desafio que te trouxe aqui?

MARCELO: Pergunta de um milhão de dólares, né? A gente está nessa luta aqui, tá? Eu acho que o primeiro ponto é justamente ter uma visão muito clara do que está acontecendo com a empresa — tanto do ponto de vista de caixa quanto de marketing, de tração de mercado.

E, claro, não misturar a PF, como você falou. A gente aqui também começou as empresas com base em capital próprio, mas fazemos tudo corretamente, cara. Tem o capital próprio que foi movido para o capital social da empresa, toda a estrutura está formalizada, e existe uma separação total e absoluta entre o capital da pessoa física e o da pessoa jurídica.

Então, do ponto de vista financeiro, ter um controle e um registro muito claros das coisas vai te dar essa clareza: você está gerando caixa? Provavelmente não no início — como acontece com toda empresa que está começando —, então está consumindo o caixa da PF. Mas quanto de caixa você está consumindo? Por quanto tempo consegue manter esse consumo? Vai precisar buscar um investidor ou não? Esse cuidado do lado financeiro é muito importante.

Agora, do ponto de vista de marketing, é fundamental ter também uma clareza muito grande dos seus indicadores. Qual é o custo de aquisição do cliente? Quanto estou gastando para atrair esse cliente novo? Quanto esse cliente está me gerando de receita?

Ter esses controles vai te dar uma visão sobre o seu produto e sobre se ele é sustentável ao longo do tempo. Ah, eu tenho que baixar o custo do meu produto? O que eu preciso fazer? É uma empresa de serviço — qual é o preço que estou cobrando no mercado? Está alto? Está baixo? Estou tendo prejuízo?

Às vezes a gente acaba vendo esse problema de estar vendendo errado, né? E, quando isso acontece, você acaba perpetuando o problema de custo dentro do negócio.

IRENE: Legal, bacana. Então, galera, muito obrigado, e até o próximo papo aqui sobre finanças. Um grande abraço, muito obrigada, boa sexta-feira, bom final de semana! Tchau, tchau.

MARCELO: Tchau, tchau.